Sistema tributário mais justo e menos oneroso é fundamental para o setor de transporte e logística no Rio Grande do Sul

O Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (SETCERGS) marcou presença, nesta quarta-feira (04/06), no tradicional encontro “Tá na Mesa”, promovido pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), na sede da instituição, em Porto Alegre. Com o tema provocador “Brasil, um país que não quer encontrar o seu destino”, o evento reuniu lideranças políticas, jurídicas e empresariais para discutir os rumos da economia e da reforma tributária no país.

O ex-governador do RS e presidente do Instituto Reformar de Estudos Políticos e Tributários, Germano Rigotto, fez duras críticas à condução da política econômica nacional, alertando para os riscos do desequilíbrio entre os estímulos ao consumo e a alta taxa básica de juros.

“O que vemos é um cenário contraditório: de um lado, o Banco Central com sua autonomia; de outro, uma ala do governo já de olho na eleição de 2026, incentivando programas de estímulo, como a liberação do FGTS e o crédito consignado. Esses mecanismos injetam dinheiro na economia, elevam o consumo e, consequentemente, o PIB. Mas há riscos. O consignado, por exemplo, pode até ser usado de forma responsável para quitar dívidas, mas também pode agravar o endividamento futuro da população”, declarou Germano Rigotto.

Em meio às manifestações, ganhou destaque a do vice-presidente jurídico da Federasul e doutor em direito tributário, Milton Terra Machado, ao abordar os riscos de o novo sistema tributário repetir os mesmos erros do modelo atual.

“O que queremos evitar é que o novo sistema tributário, que está sendo implantado, acabe enfrentando os mesmos problemas do atual modelo baseado no ICMS. Hoje temos um sistema complexo e confuso, com uma cumulatividade mitigada — ou seja, que não permite o aproveitamento integral de créditos sobre tudo o que é utilizado na produção e no comércio. Isso resulta em uma alta carga tributária e em uma queda na arrecadação de estados e municípios”, afirmou.

Já o presidente do Conselho do Banco Randon, Joarez José Piccinini, destacou a urgência de se combater o “Custo Brasil”, que se reflete especialmente na precariedade da infraestrutura e nos elevados custos logísticos.

“Não há investimentos em infraestrutura e esse cenário se torna cada vez mais crítico”, disse.

Para o presidente do SETCERGS, Delmar Albarello, é fundamental que se tenha um olhar atento ao transporte de cargas essencial no cenário econômico, o que vem sendo amplamente demonstrado através da Campanha Tudo Gira Sobre Rodas.

“Uma reforma tributária mal elaborada pode penalizar ainda mais um setor que já enfrenta uma alta carga de impostos, custos operacionais elevados e infraestrutura deficiente. O SETCERGS reforça que os pontos debatidos, como a cumulatividade de tributos e a dificuldade no aproveitamento de créditos fiscais, impactam diretamente as empresas do setor logístico. Defendemos um sistema mais transparente, eficiente e que promova segurança jurídica para todos os elos da cadeia produtiva”, afirmou.

O SETCERGS foi representado, além do presidente Delmar Albarello, pela coordenadora de Gestão, Michele Souza.

Redação e foto: Marcelo Matusiak