Para especialistas, ausência de cobertura amplia desigualdades e transfere o risco financeiro de doenças e acidentes para as famílias
Em um país onde 82% da população adulta não possui seguro de vida, segundo levantamento da FenaPrevi com o DataFolha, o debate sobre proteção financeira ganha novos contornos. A ausência de cobertura transfere para o indivíduo e suas famílias a responsabilidade integral por custos que vão de reabilitação a perda de renda, em um cenário em que apenas 1 em cada 5 brasileiros se sente financeiramente preparado para lidar com emergências graves.
Ainda segundo o estudo, 64% dos entrevistados sequer conhecem os benefícios de uma apólice de seguro de vida, como coberturas para invalidez, doenças graves ou assistência funeral familiar. “O problema não é apenas acesso, mas também a compreensão do papel do seguro como ferramenta de estabilidade financeira. É um pilar tão importante quanto a previdência ou a reserva de emergência”, analisa Rafael Cló, CEO da Azos, insurtech especializada em seguro de vida.
A conta da desproteção aparece onde mais dói: no bolso e no cotidiano. Em situações de invalidez parcial, como a perda da mobilidade ou da visão, o impacto vai além dos custos médicos. Há uma queda abrupta na capacidade de trabalho, acúmulo de despesas com adaptação e, muitas vezes, dependência financeira de familiares. São efeitos que não aparecem na fatura do mês, mas comprometem o equilíbrio de toda a estrutura familiar.
Segundo dados da Susep, o seguro de pessoas cresceu 16,9% em 2023, movimentando R$72,5 bilhões no país. Mas a penetração segue baixa: apenas 17% dos brasileiros têm alguma cobertura ativa. Entre os motivos, estão o desconhecimento, a percepção de que o seguro é caro e processos de contratação burocráticos.
“Esse imaginário precisa mudar. Muitas pessoas ainda acreditam que seguro de vida é algo caro ou inacessível, mas hoje já é possível contratar uma cobertura de R$1 milhão por menos de R$80 por mês, tudo isso com um processo digital simples, direto no celular”, afirma Cló.
Para o executivo, ampliar o acesso ao seguro de vida não é só uma questão de inclusão, mas também uma forma de fortalecer a saúde financeira das famílias e até do próprio país. “Quando uma família está protegida, ela tem mais segurança para consumir, menos dependência do Estado em momentos críticos e muito mais capacidade de se reerguer diante de uma adversidade. É uma conta que fecha para todos os lados, diz.”
Diante de um cenário marcado por incertezas econômicas, envelhecimento da população e crescimento do trabalho informal, o seguro de vida se consolida como um dos pilares do planejamento financeiro no Brasil. Quem souber comunicar isso com clareza e entregar soluções acessíveis e relevantes estará na vanguarda da transformação do setor.