Por Pedro Pires, sócio-fundador do Grupo Gomes Pires
Você já ouviu falar em MGA – Managing General Agent ou “Agente Geral
de Gestão“? Essa sigla representa uma das maiores transformações do
mercado de seguros no Brasil e pode ser a oportunidade para sua empresa
criar fonte de receita, sem precisar virar uma seguradora. Sim, é
possível oferecer seguros com a sua marca, de forma legal, simples e
altamente rentável. E tudo isso começou com uma mudança regulatória
em 2021 que, de forma discreta, cria um mercado para empresas que querem
ir além do óbvio.
Durante décadas, o mercado de seguros brasileiro foi dominado por
grandes companhias e corretoras. Lançar um produto próprio era
inviável para empresas menores, por conta do alto custo e da
complexidade regulatória. Na prática, isso significava um obstáculo
à inovação. Poucas empresas tinham autonomia para oferecer seguros
personalizados, o que limitava o acesso da população e impedia novas
fontes de receita para outros setores.
Em 2021, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) abriu uma nova
possibilidade no mercado: empresas não seguradoras podem, desde que
conectadas a uma seguradora licenciada, oferecer proteção com a sua
própria marca. É aí que entra o modelo MGA, ao cuidar da
distribuição e da experiência do cliente, enquanto a companhia
parceira cuida da parte regulatória, emissão de apólices e garantias.
Em resumo: você foca na venda e no cliente; quem entende da burocracia
faz o resto.
Receita nova sem burocracia
Segundo estudo da Consultoria Deloitte (2024), 71% dos consumidores
preferem contratar seguros no mesmo momento em que compram outro produto
ou serviço. Por exemplo, na aquisição de um celular, na assinatura de
um app ou em uma corrida por aplicativo. Isso abre uma porta enorme para
empresas que querem oferecer um seguro como produto complementar, com a
sua marca. E o melhor: com alta margem de lucro e custo operacional
baixo.
Estudos de mercado mostram que o setor do varejo, por exemplo, pode
aumentar em até 20% o faturamento com seguros integrados. E o cliente
ainda tem percepção de valor: ele resolve tudo num só lugar, com uma
marca em que confia.
Modelos que já estão funcionando
– Fintechs: Muitas startups atraem milhões de usuários, mas ainda não
têm uma receita sustentável. O seguro pode ser o primeiro produto
‘monetizável‘ e pode representar 100% da receita nos primeiros meses.
– Redes de varejo regionais: empresas com 100 a 300 lojas já estão
testando garantia estendida, proteção de produtos e serviços
financeiros próprios, usando o modelo MGA.
– Aplicativos de mobilidade: Em cidades menores, apps locais oferecem
seguros para motoristas e passageiros integrados à jornada com
contratação em um clique, direto no app.
Mesmo sendo legal desde 2021, o modelo MGA ainda é pouco conhecido no
Brasil. Muitos empreendedores, executivos e até profissionais do
mercado de seguros ainda não sabem que essa possibilidade existe. Isso
cria uma oportunidade rara: quem entende esse modelo agora, pode sair na
frente e capturar um espaço de mercado antes dos concorrentes.
Nos Estados Unidos e na Europa, os MGAs já são parte central da
distribuição de seguros. No Brasil, o movimento está apenas
começando e será inevitável. O mercado está passando por uma
transformação profunda. E ela não diz respeito apenas à tecnologia
ou regulação. É uma nova forma de pensar o seguro: mais próximo do
cliente, mais conectado ao negócio e mais acessível.
Com o modelo MGA, empresas de qualquer setor podem lançar seu próprio
produto. Sem precisar virar seguradora nem dominar a regulação. É uma
chance real de criar valor, fidelizar o cliente e aumentar a receita. E,
neste novo cenário, quem chega primeiro, lidera.
