AIG promove evento sobre liderança feminina e diversidade

AIG promove evento sobre liderança feminina e diversidade

II Fórum Mulheres na Liderança teve como tema “O protagonismo nas identidades do feminino”


Aconteceu nesta terça-feira (10), no bairro do Morumbi, um evento organizado pela AIG que contou com a participação de mulheres líderes de diversos segmentos. Elas contaram suas histórias e lutas no mercado de trabalho em busca de uma posição de respeito na sociedade. A companhia ainda apresentou dados sobre o mercado de trabalho para mulheres. Reportagem feita pela Infomoney diz que, no Brasil, segundo dados do Ministério da Economia, as mulheres ocupam 42,4% dos cargos de gerência, 13,9% de diretoria e 27,3% de superintendência.

Marília Melo – Sócia de Deal Advisory da KPMG Brasil

O debate teve a participação de Marília Melo, sócia de Deal Advisory da KPMG Brasil, que está no mercado há 30 anos. Ela disse que em seu início não havia muitas mulheres no setor, e que ouvia vários comentários machistas e sexistas, mas que considerava normal. “Na época era normal, eu ria. E vejo o quanto isso mudou hoje”, afirmou Marília, que participa do Know – KPMG Network of Women e foi co-líder do pilar Ebony para inclusão e diversidade racial dentro do Comitê de Inclusão e Diversidade da KPMG.

Leila Melo, diretora executiva da área jurídica, ouvidoria, comunicação e relações governamentais e sustentabilidade do Itaú Unibanco, formou-se em Direito pela USP, e está na companhia há mais de 20 anos. Leila relatou sua experiência ao descobrir sua primeira gestação. “Como a maioria das mulheres, eu seguia, trabalhava, sem muitos objetivos. Até descobrir que estava grávida”. Ela contou que teve muito medo de ser demitida e passou a refletir sobre o seu desenvolvimento profissional. Quando voltou da licença maternidade, começou a explorar mais sobre o que podia fazer. Até descobrir sua segunda gestação. Hoje, a situação é motivo de riso, mas Leila resolveu deixar claros seus objetivos profissionais. O Itaú deu oportunidades para que ela pudesse se desenvolver, e, hoje, seus filhos estão com 16 e 18 anos. Ela permanece no banco.

A executiva ainda trouxe ao debate a questão sobre deficientes físicos e LGBTQI+. “Não há tanta dimensão nas conversas sobre representatividade no mercado de trabalho”, completou.

Emanuelle Bernardo, é uma mulher trans, instrumentadora cirúrgica e enfermeira na Faculdade de Saúde Pública da USP. Ativista do movimento trans e saúde feminina/trans, Emanuelle explanou que “minha forma de lutar é colocar minha roupa todos os dias e ir trabalhar”. Ela desabafou que quando falamos sobre mulheres trans, “as imaginamos em uma esquina, de lingerie”. “Quando entrei na USP, tinha muito medo de errar e ser demitida, então procurava ser cautelosa, mas, errava muito pelo medo”, acrescentou.

Emanuelle Bernardo, é uma mulher trans, instrumentadora cirúrgica e enfermeira na Faculdade de Saúde Pública da USP
Emanuelle Bernardo, é uma mulher trans, instrumentadora cirúrgica e enfermeira na Faculdade de Saúde Pública da USP

Mais uma representante do debate foi Renata Vieira, bacharel em Direito pela FMU, e pós graduada em Direito Penal e Processual. Renata é deficiente física e atua desde 2008 na Coordenadoria de Assistência Técnica do Gabinete da Presidência da Seção de Direito Público, e, em 2013 foi promovida a Assistente Técnica Jurídica. Ela explicou as dificuldades vividas no dia a dia, devido as limitações. “Outro dia fui num bar, no Itaim Bibi, que não tinha banheiro para deficientes”, disse ao enfatizar sobre os estabelecimentos que colocam cadeiras nas calçadas, o que dificulta a locomoção.

Renata ainda fez um apelo às seguradoras, “quando bato o carro, tenho que retroceder e ir andar de transporte público, que não tem acessibilidade para o deficiente, porque as seguradoras não tem carro adaptado”. Quando questionada sobre as cotas que as empresas devem preencher com pessoas portadoras de necessidades especiais, ela foi enfática “se não tivesse a lei, deficientes não conseguiriam ser empregados. Só cumprem quando mexem no bolso”.

Priscila Boer – Superintendente de Operações do Grupo Ambipar

A superintendente de operações do Grupo Ambipar, Priscila Boer, relatou que como gestora achava que para ser respeitada devia falar alto, firme ou falar palavrões. “Eu passava isso para minha equipe, e só percebi o quanto era errado e os prejudicava, quando uma delas veio falar comigo, dizendo que ela não conseguia ser daquele jeito”. Foi quando decidiu então se especializar e fez MBA em gestão de pessoas com coaching pelo IBC.

Bárbara Correia – Advogada em direitos humanos da equipe Mattos Filho

Sobre a representatividade das mulheres negras, Bárbara Correia contou que participava de grupos na faculdade que falavam sobre o racismo estrutural no Brasil. Ela é advogada em direitos humanos da equipe Mattos Filho. Bárbara compartilhou que só “percebeu” ser negra quando entrou na universidade.

“Na escola, eu sabia que havia algo diferente, tratamento diferente, mas, não sabia sobre o que era. Quando entrei na faculdade e comecei a integrar grupos sobre o que é ser negro na sociedade, muita coisa da minha infância foi explicada”, finalizou.

O debate teve o intuito de expor as dificuldades que mulheres enfrentam no mercado e também compartilhar o que as empresas, companhias e seguradoras estão fazendo para incluir minorias, tanto no mercado, como nos cargos de liderança.