CNseg reúne executivos em webinar para discutir sobre os impactos da crise do novo coronavírus

Encontro contou com a presença Edson Franco, CEO da Zurich, José Ferrara, Presidente da Tokio Marine e Luis Gutiérrez, CEO da Mapfre

EXCLUSIVO – Em webinar promovido nesta quarta-feira, 6 de maio, o Presidente da CNseg, Marcio Coriolano reuniu executivos do mercado de seguros para falar sobre os impactos da crise do covid-19. A reunião tinha o propósito de abordar quais as medidas que os mercados mundiais estão tomando em relação ao momento vivido.

“Temos apenas duas certezas. A primeira é que o setor de seguros será duramente atingido, costumamos dizer que há três atributos principais no mercado, que é produto, emprego e renda” diz Coriolano.

Ele ainda diz que é impossível dizer a extensão e intensidade do que poderá vir. “Depende de múltiplos fatores, da ciência e dos planos de governos, que ainda não conseguem dar respostas efetivas. A única certeza é de que vamos sair dessa crise e, como dizem alguns historiadores, a humanidade nunca se coloca questões, que ela própria não possa dar uma resposta”, opina o Presidente.

Segundo Coriolano, o setor respondeu rapidamente as questões sociais e foi muito importante para o reconhecimento da importância do seguro perante a sociedade.

Estavam presentes, via vídeo chamada, Edson Franco, CEO da Zurich, José Ferrara, Presidente da Tokio Marine e Luis Gutiérrez, CEO da Mapfre. Todos opinaram sobre o momento atual e debateram as medidas tomadas por Governos e empresas.

Medidas Mundiais

Luís Gutiérrez, CEO da Mapfre, ressaltou que os países tem trabalhado em consonância, com medidas claras e efetivas para minimizar, de primeiro momento, os impactos do novo coronavírus. Ele parabenizou todo o mercado pelas rápidas iniciativas e a capacidade de lidar com a crise atual.

Ele diz que ninguém estava preparado para enfrentar uma crise de tamanha dimensão e que afetou todo o mundo. “Nunca pensamos em uma crise que afetasse todos os setores, em outras crises alguns específicos foram afetados, até na segunda guerra mundial, não afetou o mundo todo”, diz o CEO.

O executivo ainda compartilhou que a CNseg Espanhola encaminhou algumas recomendações para os associados, entre elas o foco em produto e, principalmente, na solvência do mercado.

“Seguro de vida foi o grande foco no início da pandemia. Na Europa e na América Latina algumas apólices tinham cobertura para pandemia e outras tinham a exclusão, e tivemos muitas discussões, até que todo o mercado resolveu cobrir”, explica.

Ele ainda ressaltou a importância da cooperação das companhias no enfrentamento do novo coronavírus. “Tem que preservar a saúde de todos nossos funcionários e de suas famílias, isso está sendo feito em todos os países. Manter o serviço, o atendimento aos clientes e quando eles precisam do serviço, ser atendido. E acompanhar, nossos parceiros de negócios e a sociedade em geral”, diz Gutiérrez.

“Todo o mercado está ajudando com doações, acompanhando as dificuldades dos clientes, com adiamento de pagamentos, flexibilidade de condições de renovação”, finaliza.

“Momento não é de negação do problema”

Em comparação com outros países, Edson Franco, CEO da Zurich, opina que o momento é delicado e que negá-lo é perigoso. “Estamos vivendo a maior crise sanitária desde a gripe espanhola”, lembra.

Não é possível dimensionar os problemas que virão, mas de acordo com Franco, as consequências econômicas não são animadoras. “Recessão e desemprego recordes para todos, acho que é isso que vamos ver”, opina, e ainda diz que a crise se estenderá para 2021.

Para lidar melhor com a crise, ele acredita que as medidas tomadas são necessárias. “O que vemos mundo afora, são pacotes emergenciais, proteção de emprego e renda, no Brasil aos informais, o que é correto, e capital de giro. Estimular crédito para empresas pequenas e médias, e medidas redistributivas de renda via programas assistenciais”.

Ele ainda alerta que o momento não é propicio para distorcer relações privadas como intervenção do Estado, medidas transitórias. “Não podemos entrar num ambiente de insegurança jurídica, com projetos de lei sem respeito a princípios técnicos atuariais, medidas populistas e retroativas, que podem trazer risco de insolvência, especialmente, ao mercado de seguros”, diz cauteloso.

“O momento é grave, mas não podemos sair rasgando contrato”, previne o Franco. Ele ainda elogia a decisão das companhias de excluir a cláusula de pandemia, “mostra que a sensibilidade social e comercial”.

Ele ainda dá uma dica para quem está vivendo nessa incerteza. “Não dá para saber se a humanidade vai sair melhor do que entrou, mas podemos escolher sairmos melhor do que entramos”, diz otimista.

Crescimento não deve demorar a voltar

José Ferrara, Presidente da Tokio Marine, se mostra otimista com o momento, ele diz que está servindo de reflexão para olhar a diante, e buscar melhorias para o setor segurador. “Estamos questionando o home office e as necessidades de espaço físico”, relata.

Ele trás algumas informações sobre como estão os países do continente Asiáticos nesse momento. “Na China, funcionários do grupo de risco continuam em home office, mas as operações tem retornado ao normal. Eles estão trabalhando no sistema 80/20, 80% no escritório, 20% em home office. No Japão, no início de março 50% da população estava em home office. Apenas em 7 de abril, que foi decretado estado de emergência nacional, 70% da população ficou em home office”, compartilha Ferrara.

Ele ainda acredita que o momento é ideal para pensar em novos produtos, e o que pode ser desenvolvido. “Acredito que mesmo com a pandemia, com a desaceleração, o país continua na linha correta, voltando a regularizar tudo, com certeza o Brasil vai ser a “bola da vez”. Temos tudo para que nossa indústria saia dos atuais 6,7%, como a CNseg anunciou em material divulgado, para os 12%”, diz otimista o Presidente.

“Deve haver uma queda de produção de 5% a 10%, no mercado brasileiro, em relação ao ano passado. Devemos encerrar o ano com boas expectativas para 2021. Tem uma queda natural nas vendas de veículos, cerca de 70%, a venda de 30% tem sido de caminhões, tratores”, analisa o executivo.

Para Ferrara, a tecnologia desenvolvida ao longo dos anos tem sido importante para o momento. “Os corretores conseguem manter a produção com as tecnologias disponibilizadas por nós, seguradoras”, finaliza.