Crise do novo coronavírus, abriu debate sobre a importância da LGPD, e os benefícios de digitalização das empresas para a manutenção dos negócios
EXCLUSIVO – A crise do novo coronavírus trouxe um cenário diferente a todos. As empresas que não se preparam, tiveram que colocar os colaboradores em home office, devido a recomendação de isolamento social, pelas autoridades de saúde.
Em pauta a LGPD tem se mostrado cada vez mais necessária, tanto para proteger os dados da empresa e dos clientes, como para se adequar ao novo momento, que alguns acreditam que veio para ficar.
A Deloitte Brasil promove, nesta semana, webinar com diversos temas que estão em discussão. Na última terça-feira, a equipe reuniu especialistas para falar sobre a importância da proteção de dados para a evolução dos negócios.
De acordo com Alex Bermudez, Diretor Comercial Latam do OneTrust, o processo de privacidade é muito importante e é preciso educar os clientes. “Tem que criar uma cultura de confiança com os clientes, implementar uma cultura de privacidade como benefício do negócio”
Algumas empresas estão investindo na segurança da informação, pensando em se preparar para quando vigorar a Lei Geral de Proteção de Dados, outros estão adiando e isso pode ser prejudicial ao negócio, como diz José Pela Neto, sócio de Risk Advisory da Deloitte, “o futuro não é para todas as empresas, como o presente não é para todas as empresas que conseguiram se adaptar ao longo do tempo. Certamente muitas empresas vão perder sua possibilidade de fazer diferente no mercado porque não entenderam a necessidade da sociedade”.
Visão e papel da LGPD
Havia um decreto pronto no inicio do ano para implantação da LGPD, mas com a pandemia do covid-19, isso foi sendo deixado de lado, até o comunicado do adiamento para 2021.
Para Thiago Luís Sombra, sócio do escritório de advocacia Mattos Filho, o mercado tem que mudar, e somente o decreto da lei não é suficiente para o nive de maturidade no mundo. “Tem que mudar o mercado, a interpretação, a orientação sobre processos e, como isso poderá ser entendido nesse cenário.
Ela ainda orienta para as dificuldades a serem enfrentadas no inicio, quando a lei for efetivada. “Sempre há percalços, mas criar a consciência do risco do seu negócio, tem que ser antes de acontecer algo”, diz.
A proteção de dados tem sido implementada em vários países, para Sombra, “se o Brasil ficar prorrogando, vai ficar abrindo precedentes, e se tornar um país instável em relação a negociações”.
Como iniciar a transformação digital?
Pequenas e médias empresas sabem da necessidade de proteger os dados, para segurança do negócio e também para o cliente. Mas, por onde começar? A dúvida é de muitos que não sabem como iniciar essa transformação.
A segurança da informação moldou diversos negócios, mas sem a segurança necessária. Futuramente, as pessoas irão escolher as empresas que oferecem maior segurança e transparência aos seus dados.
“A sociedade quer negócios seguros, onde sua privacidade está sendo respeitada, hoje em nível pequeno, mas no futuro de forma mais relevante. Privacidade não pode ser nada teórico e radical, não pode parar o negócio, não é esse objetivo, o objetivo é agregar valor”, diz o Sócio da Deloitte.
Para Neto, tem alguns níveis de priorização. “Seguimos algumas metodologias, e isso responde algumas perguntas. Primeiro, ‘que tipo de dado eu tenho dentro de casa? Para que eu uso? E se eu realmente preciso dele?”. Para ele é necessária uma análise jurídica. “Para ajudar a resguardar se aquele dado tem que estar dentro da minha casa ou não, e uma análise de negócio, esses fluxos de dados representam para mim o modo que meu negócio está estabelecido?”, completa.
Outro processo que ele aponta ser importante é a adequação. “Eu tenho um fluxo, tratamento ou processo que não está adequado, é trabalhar nessa adequação, e garantir que estejam protegidos tanto no olhar jurídico como no técnico”, explica.
E ainda orienta que tem que haver um bom canal de atendimento para os clientes que tiverem duvidas. “Seja feito de forma manual, dependendo do segmento se torna inviável, ou para outros eu preciso de tecnologia, uma plataforma que vai me orientar nesses processos.
Desde a requisição, aceitar e receber do cliente, até o reportar para ele, comunicar sobre as informações que ele precisar sobre o que eu faço com aqueles dados”, diz o sócio da Deloitte.
Planejamento é muito importante em caso de falhas, é preciso estar preparado tanto tecnologicamente, quanto para explicar ao cliente todo o processo, em caso de vazamento de dados.
Seguro para riscos cibernéticos
A procura pelo seguro para riscos cibernéticos teve um aumento. Segundo Neto, tem que estar contido numa estratégia de gestão de risco. “Não é a resposta para todos esses problemas, mas ter um seguro minimiza os impactos”. E completa, “contempla uma carga de resposta, principalmente nesse momento de trabalho em home office, temos o cenário perfeito para novos vazamentos”.
“O futuro será digital”, finaliza.