Painéis abordaram a importância do cuidado em saúde mental, em especial durante a pandemia
O debate com o setor sobre o impacto da pandemia na saúde mental da população e a importância do desenvolvimento de ações e estratégias de organização do cuidado em saúde mental na saúde suplementar foram discutidos no I Simpósio Virtual ANS, que aconteceu no dia 03/09. Organizado em painéis, o evento focou na troca de experiências de operadoras, contratantes e empresas sobre a integração dessa linha de cuidado na gestão de saúde corporativa.
Na abertura, o diretor-presidente substituto da ANS, Rogério Scarabel, destacou a importância do tema e os desafios a serem explorados pelas operadoras. “A saúde mental é um eixo estruturante da saúde humana e como precisamos estar atentos aos seus agravos, é essencial tomarmos conhecimento sobre essa questão no momento da pandemia. Para as operadoras, o maior desafio será concentrar o foco na atenção integral à saúde, contemplando valores e resultados que importam para os pacientes” explicou. O diretor também pontuou as novas dinâmicas e realidades que merecem estudo dos especialistas como o trabalho remoto e o isolamento social, que conduzirão aumento nas demandas sobre transtornos de ansiedade ou pânico no meio social e ressaltou os novos instrumentos como a telemedicina, atendimentos psicológicos remotos e outras medidas inovadoras disruptivas que podem trazer importantes benefícios para o setor de saúde suplementar como um todo.
O diretor de Normas e Habilitação das Operadoras, Paulo Rebello, enfatizou a necessidade de discussão sobre o conteúdo e evidenciou fatores causados pela pandemia, como o medo, luto, perda de emprego e renda e como a alteração da rotina pode influenciar significativamente na saúde mental, reverberando em doenças como a depressão. “É primordial que possamos debater e enfrentar este assunto tão relevante para que possamos encontrar soluções na organização e ampliação do serviço de saúde mental. É imperiosa a necessidade de levar o bem-estar emocional para as pessoas sob pena de insurgir a custos sociais e econômicos a longo prazo para a sociedade” salientou.
Também participaram do evento o diretor de Gestão substituto, Bruno Rodrigues, e a diretora-adjunta de Normas e Habilitação dos Produtos, Carla Soares.
O Simpósio, conduzido pela Gerente de Monitoramento Assistencial da ANS, Flávia Tanaka, iniciou com uma discussão sobre os impactos da pandemia na organização do cuidado em saúde mental. Moderado pelo ouvidor da Agência, João Barroca, o painel expôs três palestras. A primeira, proferida pela Coordenadora do Laboratório Interdisciplinar em Atenção Primária à Saúde e Coordenadora do Núcleo de Saúde Mental da UERJ, Sandra Fortes, apresentou aspectos da epidemia em saúde mental na pandemia de Covid-19 (clique aqui). Na exposição, a palestrante falou sobre particularidades dos transtornos ansiosos apresentados como queixas físicas, as relações estabelecidas com os profissionais de saúde que facilitam a resolução e abordagem destes transtornos, dificuldades emocionais e sua possível correlação com o novo Coronavírus e a importância das boas práticas como o acolhimento nas unidades de saúde para a redução da ansiedade e do medo provocado pela doença.
Em seguida, a Coordenadora de Informações Assistenciais da ANS, Renata Lopes falou, sobre a importância do cuidado em saúde mental para a promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças (clique aqui), apresentando os conceitos de prevalência e representatividade na carga global de doenças; a utilização de serviços de saúde mental na saúde suplementar, com dados extraídos do mapa Assistencial da ANS; a evolução do número de programas de Promoprev e do número de beneficiários ao longo dos anos (e a respectiva distribuição das iniciativas em saúde mental); e os futuros desafios e oportunidades.
Na última palestra da manhã, a Gerente de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial da ANS, Ana Paula Cavalcante, trouxe o tema sobre APS e a Saúde Mental (clique aqui), detalhando dimensões contextuais sobre as consequências das transições demográficas e epidemiológicas; os pilares de estruturação dos cuidados primários em saúde; e as abordagens em saúde mental na Atenção Primária.
Reiniciando a segunda parte do simpósio, Flávia Tanaka explicou a dinâmica das novas apresentações, priorizando exemplos práticos e expondo as diversas possibilidades de inclusão e integração da saúde mental com a gestão de saúde corporativa pelas empresas contratantes de planos de saúde e operadoras. Nessa parte do evento, foram apresentadas experiências adquiridas pelo viés do cuidado com a saúde mental integrado com o modelo de atenção à saúde, permitindo, assim, a construção de possíveis caminhos colaborativos com o foco em soluções coordenadas.
Antecedendo o painel, a especialista em Desenvolvimento Industrial do Sesi, Georgia Antony comemorou o oportuno encontro entre empresas contratantes e operadoras no evento e trouxe um panorama geral para contextualizar a importância do tema. Em sua fala, explicou que a saúde mental é a segunda causa de afastamento laboral, causando também um grande estigma pessoal de incapacidade e que com o advento da pandemia, o problema tende a piorar. De acordo com a especialista, pesquisas recentes da UERJ demonstram que houve um aumento de 90% na depressão pós-pandemia, além de dobrarem os casos de ansiedade e estresse. Além disso, também apresentou informações de profissionais da Associação de Psiquiatria, que relataram aumento de 70% no retorno de pacientes em alta hospitalar e piora do quadro clínico dos indivíduos em tratamento. Georgia também adiantou informações sobre uma pesquisa inédita entre o SESI e a ANS que demonstrou que há uma preocupação com a elaboração de uma política e programas mais consistentes sobre saúde mental em empresas que oferecem planos de saúde coletivos a seus colaboradores.
As experiências dos contratantes empresariais de integração da saúde ocupacional com a assistência à saúde, com foco na saúde mental durante a pandemia, foram temas apresentados no segundo painel, com as apresentações das empresas Natura – representada pela Gerente de Benefícios Marta Moreno (veja aqui) – e da Procter & Gamble, pelo Gerente Médico Fernando Mariya (veja aqui).
Os representantes das empresas apresentaram as boas práticas empresariais, experiências com a força de trabalho, plataformas de autocuidado, as iniciativas das lideranças quanto à saúde, segurança e acolhimento, os impactos das ações virtuais e engajamentos, gestão de tempo, indicadores internos, fatores psicossociais para combater o estresse e os impactos positivos demonstrados na pesquisa de clima organizacional e na produtividade, com redução do absenteísmo e presenteísmo.
Finalizando o simpósio, o terceiro painel trouxe as experiências de quatro operadoras que possuem programas inscritos no Promoprev e que desenvolveram iniciativas na coordenação do cuidado em saúde mental durante a pandemia por Covid-19. As operadoras SulAmérica – representada pela Gerente de Saúde Populacional Katia Weber; Unimed Catanduva – com palestra proferida pela Coordenadora de Medicina Preventiva Virgínia Guardia; Unimed Presidente Prudente, com apresentação da Gerente de Recursos Próprios, Ivette Noriko Fujisaki; e CAMED, representada pela Gerente de Recursos Próprios, Jamille Oliveira.
As operadoras destacaram, em suas apresentações, ações e experiências bem-sucedidas para o enfrentamento da pandemia, como as construções de linha de cuidado para a Covid-19, a integração de serviços como a telessaúde, atendimento psicológico remoto e o telemonitoramento, a reestruturação do fluxo de atendimento nas unidades para pacientes com sintomas respiratórios, as ferramentas de comunicação, prontuário eletrônico, estratificação de riscos do usuário e interfaces com a saúde ocupacional, medicina preventiva, gestão clínica de casos, dados de assistência e dados voltados às ações voltadas aos fatores determinantes no desenvolvimentos de doenças crônicas e doenças psíquicas.