Confira o artigo escrito por Felipe Barranco, CEO e cofundador da Flix, seguradora digital com foco em seguros e assistências residenciais
Dentre tantas transformações que 2020 trouxe para a sociedade, uma das maiores foi a relação com a “mudança”. Muito ou pouco, todos mudaram algum item em sua rotina ou na maneira de enxergar o mundo. Nesse contexto, a digitalização conquistou de vez o seu espaço no mercado e na vida pessoal. Com o avanço do isolamento, pudemos acompanhar, aos poucos, novos hábitos: as compras passaram a ser feitas por sites e aplicativos, os espaços das casas começaram a ser redesenhados e readaptados para as aulas e trabalho remoto, a atenção à saúde pessoal e financeira redobrou e a concepção de lazer foi entendida de outra forma.
Atento à isso, os diferentes segmentos de mercado precisaram rapidamente entender como permitir uma melhor experiência para os seus clientes, levando em consideração suas novas ambições e necessidades. Um passo à frente, as fintechs e startups já estavam de olho nessa praticidade e, entre uma oferta inovadora e a segurança de controlar tudo na palma da mão, abriram caminho para que novos projetos tomassem forma.
Na primeira quinzena de outubro, por exemplo, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) anunciou uma ação que pretende mudar toda a estrutura que permeia o mercado de seguros. Com o Sandbox regulatório, 11 empresas do segmento poderão atuar, durante três anos, com menos custos para regulamentação e mais flexibilidade para a inovação.
Mas, o que isso tem a ver, de verdade, com a mudança do comportamento do consumidor durante a pandemia? De maneira prática, tudo. Todas as empresas selecionadas trazem uma coisa em comum: a inovação e o uso da tecnologia como facilitador de processos. Por meio dessa iniciativa, um segmento que ainda se apoiava muito nos métodos analógicos, passou a permitir a experimentação e selecionou, justamente, insurtechs que estavam abertas para compreender que, mais do que a tendência iminente de digitalizar, a pandemia acelerou mudanças necessárias para dar acesso a alguns produtos.
Essa perspectiva contribui diretamente para a forma como o consumidor é impactado por produtos securitários. Quem nunca se perguntou sobre a necessidade de contratar uma apólice para assegurar a sua casa? Ou, ainda mais cirúrgico, o motivo de se contratar um seguro residencial uma vez que a possibilidade de um raio cair sobre a minha casa é quase inexistente?
Longe de se resumir apenas a isso, o seguro residencial pode auxiliar de diferentes maneiras. Principalmente para quem tem em seus móveis tudo o que entende como casa. Mas, esse pensamento vai além dessa área de atuação. Ele enquadra a perda repentina de um emprego, celular ou malas em viagem, a segurança e saúde de animais domésticos e acidentes pessoais e problemas com o automóvel. Hoje não há como negar que o seguro ainda é um produto consumido mais por necessidade do que por apenas proteção e precaução.
Mudar essa realidade só é possível por meio da compreensão do consumidor. É importante que, de agora em diante, as empresas sempre tenham isso em mente e entendam que a necessidade de um não é a do outro. Quem possui um imóvel próprio, prioriza a sua edificação. Mas, quem acabou de sair da casa dos pais ou simplesmente optou viver de aluguel, também precisa ser contemplado com uma apólice que faça sentido. Afinal de contas, o bem não está personificado apenas no espaço físico.
Frente ao que foi colocado durante essa breve análise, o passo dado pela Susep é um caminho a ser explorado não apenas pelas 11 selecionadas, mas para todo o segmento. Uma vez que acessibilizar produtos não está apenas ligado ao preço, mas, também, em como eles são anunciados ao mercado e trabalhados com o público.