O crescente papel da telemedicina no cuidado à saúde

O crescente papel da telemedicina no cuidado à saúde

Confira o artigo por Dr. Hyun Seung Yoon, gerente médico do ClubSaúde

Sabemi

Telemedicina (do prefixo grego tele: longe) é o cuidado à saúde à distância, através do uso das ferramentas tecnológicas para a comunicação e para o compartilhamento das informações médicas.

O Conselho Federal de Medicina brasileiro define a Telemedicina como: “o exercício da Medicina através da utilização de metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados, com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em Saúde”.

 

Os primórdios da Telemedicina

O conceito de telemedicina não é novo. Filmes e seriados de ficção científica já abordavam o tema, como em “Os Jetsons”, de 1962, onde “videochats” e teleconsultas são corriqueiros no mundo futurista de 2062.

A NASA já realizava a monitorização da saúde dos astronautas no espaço através da telemetria de sinais vitais. A atual tecnologia permite até que um leigo, conduzido por médicos na Terra, realize um exame ultrassonográfico na estação espacial (ISS) e compartilhe as imagens em tempo real.

Mesmo antes da regulamentação da telemedicina, médicos e pacientes informalmente já faziam uso de conversas telefônicas, fax, “pagers” e, mais recentemente, redes sociais e aplicativos de mensagens via web, como o WhatsApp®.

Em outubro de 1999, em Tel Aviv, Israel, durante a 51ª Assembléia Geral da Associação Médica Mundial, foi proposta a “Declaração de Tel Aviv sobre responsabilidades e normas éticas na utilização da telemedicina”, como um modelo de orientação ética para as atividades de telemedicina.

A emissão de Telelaudos, ou seja, análise das imagens e emissão dos laudos de exames como Tomografias e Ressonâncias ou eletrocardiogramas por médicos distantes do local onde o exame está sendo realizado já é realidade no país há vários anos.

 

A resistência à incorporação da Telemedicina na prática clínica

Houve muita resistência inicial à implantação da Telemedicina no Brasil, seja pelas limitações técnicas, impossibilidade de realizar exames físicos, falta de regulamentação específica, restrições éticas e até por receio da classe médica de perder consultas presenciais e pacientes.

Desde 2007 o Ministério da Saúde tem instituído o Programa Nacional de Telessaúde, com foco na atenção primária, implementado em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de municípios selecionados, permitindo a emissão de laudos de exames de eletrocardiograma à distância, avaliação de exames radiológicos por radiologistas teleconsultores e a realização de exames de ultrassonografia obstétrica em unidades móveis, monitoradas em tempo real por médicos especialistas.

Porém uma consulta direta entre o paciente e um médico à distância ainda permanecia no campo conceitual.

Até o advento da assinatura digital eletrônica certificada e de plataformas de prontuários eletrônicos ágeis, confiáveis, seguras e gratuitas ou de baixo custo, integradas com os demais integrantes do ecossistema da saúde, não havia garantias de que os laboratórios, farmácias e hospitais reconhecessem um pedido de exames ou receita médica emitida via “web”.

Porém no final de 2019 um acontecimento de repercussão mundial viria a mudar radicalmente este cenário.

 

O advento da Pandemia de COVID

O advento da pandemia do novo coronavírus mostrou ao mundo a real importância de implementar a Telemedicina.

As restrições à mobilidade por quarentena ou “lockdown” e a necessidade de evitar o contágio nas consultas presenciais reduziram drasticamente o volume de atendimentos eletivos em consultórios médicos e hospitais, enquanto lotava prontos-socorros e unidades de terapia intensiva com doentes graves, sobrecarregando os sistemas de saúde pública.

A necessidade urgente da telemedicina para reduzir o fluxo de pacientes aos serviços de urgência e garantir a continuidade dos cuidados aos pacientes crônicos e doentes isolados em suas residências se tornou evidente.

 

Os benefícios da Telemedicina

Além da comodidade de realizar a consulta de qualquer lugar com uma conexão disponível, sem precisar se deslocar até consultórios ou hospitais, a Telemedicina evitou que milhares de pacientes sobrecarregassem ainda mais os sistemas de saúde com idas desnecessárias aos prontos-socorros durante a pandemia, disponibilizando mais recursos para os casos mais graves e evitando assim mais mortes.

Também gerou uma grande economia quanto aos custos de deslocamentos e reduziu o risco de contágio de pacientes não-portadores de COVID e seus acompanhantes nos hospitais.

A mesma tecnologia pensada para facilitar o atendimento de pacientes em locais remotos ou isolados permitiu o atendimento aos doentes isolados pela pandemia.

 

O que vislumbrar para o futuro?

As possibilidades de ampliar os horizontes da Telemedicina são imensas.

Já existem robôs-cirurgiões controlados à distância, que permitem que um médico especialista realize a cirurgia de um paciente à partir de outro país, apoiado por uma equipe de cirurgiões locais que posicionam o paciente e o robô.

Equipamentos médicos utilizados em cuidados domiciliares (“homecare”) permitem a uma central à distância monitorar parâmetros como oximetria, pressão arterial e frequência cardíaca, e até parâmetros dos ventiladores respiratórios.

Dispositivos “wearables” e aplicativos em “smartphones” permitirão reduzir a lacuna da inviabilidade da realização do exame físico nas teleconsultas, e permitirão que exames sejam realizados em domicílio pelo próprio paciente, sob orientação do médico.

O desenvolvimento de tecnologias não-invasivas para monitorização dos sinais vitais, a miniaturização dos equipamentos e a redução dos custos ao longo do tempo nos permitem vislumbrar que, pelo menos na medicina, o 2062 dos Jetsons parece cada vez mais próximo.

 

A Telemedicina no ClubSaúde

A Telemedicina do ClubSaúde tem assumido um papel cada vez mais relevante, não somente no atendimento aos casos de COVID, mas como importante ferramenta de gestão e atenção primária à saúde.

Apenas no atendimento aos casos suspeitos de COVID, no contexto de um programa específico para um grande cliente Clubsaúde, foram realizadas entre Abril e Dezembro de 2020 mais de 15.000 consultas, agendadas e realizadas em menos de 24 horas em 97% dos casos, com alto índice de resolutividade e aprovação, onde mais de 95% dos pacientes consideraram o atendimento como bom ou ótimo.

Incorporando novas especialidades, implementando protocolos e linhas de cuidados para patologias como diabetes, dislipidemias, hipertensão e doenças cardiovasculares, cuidados psicológicos e saúde mental e apoio à saúde ocupacional, a Telemedicina do ClubSaúde visa não somente atender de maneira prática, eficaz e acessível o paciente que busca o tratamento, mas um verdadeiro promotor de saúde e qualidade de vida.