De acordo com levantamento da Fecomércio MG, 58,5% do varejo mineiro receia que piora da pandemia leve a um novo fechamento das empresas
Altamente contagiosa, a variante Delta do Covid-19 tem causado novos surtos da doença, principalmente entre pessoas não vacinadas. Em Minas Gerais, já são 12 casos de infecção pela cepa indiana registrados pelo Painel de Monitoramento dos Casos de Covid-19 do governo estadual. Para frear a disseminação dessa variante, alguns países voltaram a adotar medidas de distanciamento social. Mas essa variante também influencia o humor do empresário do comércio.
O receio que uma nova onda volte a fechar o comércio mineiro é compartilhado por 58,5% dos empresários do estado. Caso esse cenário se confirme, 64,1% dos entrevistados acreditam ter condições de manter seu negócio funcionando, sendo 34,5% por até seis meses e 35,5% por mais de um semestre. Esses dados compõem a quarta edição da pesquisa de opinião “Impactos do novo coronavírus na atividade econômica”, elaborada pela Fecomércio MG.
O economista-chefe da Federação, Guilherme Almeida, pontua que a cautela dos empresários reflete os desafios enfrentados ao longo da pandemia de Covid-19. “Apesar da retomada das atividades econômicas, muitos negócios ainda estão lutando para recuperar os prejuízos causados pela crise sanitária, e uma possível nova onda reforça essa preocupação”, avalia.
Não por acaso, 45,5% dos empresários precisaram manter seu estabelecimento fechado em decorrência das restrições causadas pela pandemia. Dentre esse grupo, 81,8% ainda sofrem com os impactos da crise sanitária, com destaque para fatores como a queda na receita (93,9%), o acúmulo de estoque (33,1%) e a perda de funcionários (24,3%).
Segundo o levantamento, 37,2% dos empresários apresentaram problemas de liquidez e falta de recursos, sendo que 43,7% solicitaram empréstimos ou crédito junto às instituições financeiras para honrar seus compromissos.
Mesmo diante da reabertura do comércio, 51,8% consideram que o fluxo de clientes não retornou ao nível pré-pandemia. Além disso, 61,8% entendem que o fluxo também não retornou ao esperado. Para driblar a crise, mais da metade dos empresários (53,5%) precisaram conter os gastos para manter as atividades. Entre as medidas adotadas estão a redução dos pedidos de estoque (43,75), a negociação de contratos (17,1%) e o corte no quadro de funcionários (3,3%).
Apesar desse cenário, a maioria dos empresários não precisou demitir (67,6%). No entanto, 41,3% adotaram alguma medida do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm). Entre os destaques estão a redução proporcional de carga horária e salário dos empregados (66,5%), a antecipação das férias (52,4%) e a suspensão do contrato de trabalho (38,4%).
O economista-chefe explica que o avanço na vacinação pode contribuir para a recuperação da economia. “Desde que acompanhada pela melhora dos indicadores macroeconômicos, a imunização contra o Covid-19 e a manutenção dos protocolos sanitários pode contribuir para um cenário mais promissor no segundo semestre, marcado por datas comemorativas relevantes para o comércio varejista.”
A pesquisa de opinião “Impactos do novo coronavírus na atividade econômica” foi realizada entre os dias 26 de julho e 4 de agosto 2021, com 398 empresas do comércio varejista, atacadista e de serviços de Minas Gerais.