Programa é promovido pelo “CQCS”, e teve participação da Seguro Total, onde Dyogo Oliveira discorre sobre a penetração do seguro, entre outros temas
O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, participou nesta terça-feira, 31/5, do programa “Mesa Redonda”, realizado pelo “CQCS” com a participação de diversos jornalistas que cobrem o setor segurador, com mediação de Kelly Lubiato, da “Revista Apólice”. Na ocasião, Dyogo discorreu sobre seus planos para a Confederação Nacional das Seguradoras e para ampliar a penetração do seguro em nosso país, entre outros temas. A entrevista foi realizada pelos jornalistas Carla Boaventura, do “CQCS”; Ivanildo Sousa, da “Agência Seg News” Karen Soares, do “Panorama Seguro”; Nicole Fraga, da “Revista Apólice; Paulo Kato, da “Revista Cobertura”; Tatiane Pina, da “Revista Seguro Total”.
“Foi uma felicidade muito grande ter sido convidado para a CNseg e atuar em um setor que já acompanhava quando estava no Governo”, afirmou Dyogo Oliveira, explicando “ser necessário colocar a representatividade da indústria do seguro em seu devido lugar”. Segundo o presidente da Confederação, a importância do seguro enquanto atividade econômica, cuja arrecadação representa mais de 6% do PIB e financia 23% da dívida pública brasileira, ainda não é devidamente reconhecida pelo governo. Dyogo Oliveira, que foi ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão no governo de Michael Temer, disse, ainda, que gostaria que o Ministério da Economia tivesse uma equipe dedicada exclusivamente ao setor segurador.
Para Dyogo, além do Governo, a sociedade, como um todo, precisa também melhor conhecer o setor. E, para isso, informou que a CNseg está preparando uma grande campanha multimídia de comunicação, que deve ser lançada no início do segundo semestre, apresentando tudo que o setor retorna à sociedade de forma mais tangível para um melhor entendimento. Como exemplo, citou os R$ 398 bilhões em indenizações pagas em 2021, sendo que, só de reembolso de despesas médicas, foram R$ 200 bilhões. “Nossa despesa com saúde é maior que a do Ministério da Saúde, que, em anos normais – pré-pandemia -, tem um orçamento de R$ 130 bilhões”. Já os R$ 23 bilhões pagos em indenizações relacionadas ao seguro de automóveis no ano passado dariam, segundo ele, para comprar 380 mil novos veículos, o equivalente a 20% da produção anual de veículos em 2021.
O presidente da CNseg considera também que “o seguro ainda tem a imagem de um setor antiquado e pouco inovador, mas isso é claramente um equívoco”. E afirmou: “Somos uma indústria extremamente inovadora, dinâmica, competitiva e, principalmente, uma indústria que gera benefícios para as pessoas, possibilitando uma melhor qualidade de vida.”
Entretanto, esse tão desejado aumento da penetração do seguro na sociedade não depende apenas de comunicação. Dyogo Oliveira explicou que o seguro é considerado um “bem superior”, ou seja, seu consumo é diretamente impactado pela renda das pessoas. E avaliou: “À medida que a sociedade vai se sofisticando e tendo mais acesso a bens, a serviços e a uma maior compreensão sobre as questões financeiras, naturalmente demandará mais produtos de seguro”. E acrescentou: “Não há como vender seguro de carro para uma pessoa que não tem carro”.
Sociedades Iniciadoras de Serviços de Seguro (SISS)
Questionado sobre sua avaliação a respeito da inserção das Sociedades Iniciadoras de Serviços de Seguro (SISS) no mercado por meio do open insurance, o presidente da CNseg disse que essa figura jurídica foi desnecessariamente copiada das Sociedades Iniciadoras do sistema bancário. “O SISS precisa ser eliminado do programa do open insurance; não fará nenhuma falta”, afirmou.
A contribuição do setor para redução dos custos e aumento da qualidade das obras públicas
O tema das licitações para o seguro garantia contra riscos operacionais e de engenharia em obras de infraestrutura também foi abordado e, a esse respeito, o presidente da CNseg informou que está para entrar em vigor a nova Lei de Licitações, que aumenta consideravelmente a previsão do seguro garantia, passando de um limite de 5% para 30%, além de prever o “step in”, que é a possibilidade de a seguradora assumir a obra segurada para concluí-la, ao invés de simplesmente pagar as indenizações devidas. Dyogo acredita que o aumento da participação do mercado segurador pode gerar um enorme impacto no custo e na qualidade de todas as obras públicas do País. “Nosso setor segurador está mais do que preparado para cumprir essa tarefa”, destacou.
Seguro Rural é um exemplo de sucesso, mas outros segmentos mereceriam a mesma atenção
Sobre o Seguro Rural, que atualmente cobre 17 milhões de hectares de área plantada, “o equivalente a 17 milhões de campos de futebol”, o presidente da CNseg informou que, apenas em 2022, já foram pagos mais de R$ 7 bilhões em indenizações, ajudando a manter a capacidade produtiva dos agricultores. “Esse é um exemplo de sucesso, mas há também vários outros segmentos de seguro que merecem a mesma atenção”, afirmou, lembrando a recente enchente ocorrida em Pernambuco. Para Dyogo, esse tipo de evento é frequente no Brasil, mas o governo ainda não conta com um sistema de seguro contra catástrofes, o que, segundo ele, “existe e funciona muito bem em outros países”. Dyogo Oliveira acredita que o governo ainda não se deu conta de toda a potencialidade que a indústria do seguro tem para colaborar no combate a problemas desse tipo.
Setor segurador tem estreita ligação com as questões ASG
O tema das questões ASG (Ambientais, Sociais e de Governança) também veio à tona na entrevista e o presidente da CNseg disse ser um tema cujas potencialidades têm sido pouco exploradas pelo setor, apesar de sua estreita ligação com essas questões. E explicou: “Para o setor, governança é questão de sobrevivência, e a questão social é inerente a uma atividade que cuida de pessoas, bem como a questão ambiental”. O Presidente da Confederação lembrou que os impactos das mudanças climáticas sobre a agricultura, por exemplo, são extremamente relevantes para o setor. “Temos dado um impulso muito grande a essa agenda ASG e há um grande número de seguradoras que adotam esses critérios, desde o momento da formulação dos produtos”, observou.
Seguro contra riscos cibernéticos é mais um exemplo de como o setor é inovador
O último tema abordado na entrevista foi o do seguro cibernético, que neste ano atingiu o maior patamar de arrecadação, com avanço de 23,4%, na comparação com 2021. Para Dyogo Oliveira, esse é mais um exemplo de como a indústria do seguro é inovadora, já que os riscos cibernéticos são de difícil gerenciamento e a atividade hacker é de difícil eliminação. “As pessoas que praticam esses crimes são muito especializadas e com acesso quase imediato a novas tecnologias”, complementou. Mas, ainda assim, prosseguiu, “o setor se prontificou a oferecer esse produto e tem tido bastante sucesso”. E afirmou: “Trata-se de mais uma contribuição de nossa indústria para a continuidade dos negócios das empresas afetadas por esse tipo de ataque”.