Entre as tecnologias adotadas pelos produtores estão os remineralizadores de solo
A busca por tecnologias e práticas sustentáveis na agricultura cresceu de forma significativa no Brasil nos últimos dois anos. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apontam que, de julho a dezembro de 2020, a área agrícola financiada pelo Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) superou 750 mil hectares, equivalente a cinco vezes a área da cidade de São Paulo. Na comparação com o mesmo período do ano-safra anterior, houve um crescimento de 47%.
O levantamento do Mapa mostra ainda que a recuperação de pastagens degradadas, que soma 372,5 mil hectares, é a tecnologia mais buscada pelos produtores rurais para financiamento pelo programa. Em seguida estão o plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta e sistemas agroflorestais.
Dentro deste cenário sustentável, outro crescimento observado foi o aumento na área da produção de agromineirais silicáticos no país. Esses agrominerais são essenciais para o desenvolvimento de produtos destinados ao manejo sustentável da fertilidade do solo e nutrição de plantas, como os remineralizadores de solo. Um estudo recente da Embrapa mostra que, em 2019, foram produzidos mais de 600 mil toneladas de remineralizadores e condicionadores de solo no país.
Marco regulatório
Esses produtos são usados na rochagem, técnica antiga na agricultura brasileira, mas que tem ganhado destaque nos últimos anos. A atividade de remineralizadores de solos só foi regulamentada pelo Mapa em 2016. Foram regulamentados a produção, o registro e o comércio do remineralizadores, para que haja a garantia do padrão de qualidade e a segurança quando comercializados.
Segundo a Embrapa, Minas Gerais e Goiás são os dois estados brasileiros com o maior número de produtos registrados no Mapa. Seguem ainda na lista Paraná, São Paulo e Bahia. Ao todo, no Brasil há 23 produtos regulamentados e apenas 12 estabelecimentos autorizados a produzir e vender. Para o Brasil, que é uma das maiores economias do mundo, os remineralizadores representam uma imensa oportunidade de crescimento em diversas áreas.
Diferenças entre fertilizantes e remineralizadores de solo
Como alguns pós de rocha colaboram, de forma significativa, para o aumento da produtividade na lavoura, parte dos produtores tem dúvidas se esses produtos são semelhantes aos fertilizantes. A principal diferença dos fertilizantes químicos para os remineralizadores é a solubilidade. Os adubos químicos são sais solúveis e adubam a planta por tempo limitado, somente enquanto disponível no solo.
O mestre em agronomia, Saulo Brockes, explica que esses sais quando lixiviados causam contaminação dos efluentes e a intoxicação da água que gera impacto ambiental. “A consequência do uso irracional dos adubos químicos e solúveis é a salinização do solo”, diz o agrônomo.
Já os remineralizadores e pós de rochas são o contrário dos fertilizantes químicos, pois são insolúveis, não salinizam e nem degradam o solo e meio ambiente. “Os remineralizadores e pós de rochas vão disponibilizando a nutrição para as plantas de acordo com a demanda da cultura plantada”, diz.
Remineralizadores derivados do Fino de Micaxisto (FMX), por exemplo, pode disponibilizar a nutrição para as plantas por até um ano, além de regenerar o solo, voltar o equilíbrio pro meio ambiente e condicionar o solo a melhorar a eficiência nutricional.
Para o produtor rural de Minas Gerais, Breno Nunes, não tem como separar qualidade da sustentabilidade nos dias de hoje. “Na minha produção eu utilizo o Fino de Micaxisto que possibilita uma maior disponibilidade dos minerais e o aumento da retenção de água no solo e proteção das plantas contra de ataque de pragas e doenças, pelo Silício do material”, diz.
Breno avalia que é possível alinhar retorno econômico e sustentabilidade. “O retorno financeiro e produtivo é visível. A partir do momento que construímos a fertilidade do solo, pois o uso de remineralizadores auxilia na construção de perfil do solo, fazemos com que os nutrientes estejam disponíveis durante toda a produção”, explica.