A expectativa de queda no valor das apólices em grandes capitais pode ser frustrada, uma vez que o principal problema nestes locais é o forte índice de roubo e furto.
O mercado de seguros começa a alinhar produtos para passar a ofertar apólices populares para automóveis, o que promete reduzir os preços, após a Superintendência de Seguros Privados (Susep) esclarecer as regras do segmento, possibilitando o uso de peças genéricas, mas certificadas, no conserto de veículos. O potencial é grande, na visão de executivos do segmento, visto que há uma frota considerável de carros com mais de dez anos e que não contam com uma proteção. Há ainda os segurados que estão deixando de ter o produto por conta da crise. Mas a expectativa de queda no valor das apólices em grandes capitais pode ser frustrada, uma vez que o principal problema nestes locais é o forte índice de roubo e furto.
‘Precisamos equalizar as expectativas. O seguro auto popular não terá uma redução de preço substancial nas grandes capitais, que sofrem com roubo e furto. Mas as regiões mais afastadas podem ter um grande benefício com o produto, após a liberação da Susep para o uso de peças genéricas’, avaliou o presidente do Porto Seguro, Fábio Luchetti, durante o 17º Congresso de Corretores de Seguros do Estado de São Paulo, promovido pelo Sindicato dos Corretores de Seguros (Sincor-SP).
O produto popular promete ser de 10% a 30% mais barato que o seguro tradicional, devido à permissão de uso de peças recuperadas e genéricas para o conserto de automóveis. Nas apólices comercializadas hoje são exigidas apenas peças novas.
A solução, debatida pelo setor nos últimos anos, é a aposta das seguradoras e corretores para elevar o número de veículos segurados. Atualmente, conforme números do setor, somente 30% da frota de veículos existente no Brasil, de cerca de 70 milhões de unidades, têm seguro. O mercado espera que o seguro popular possa ampliar essa penetração para 50%, o que pode ocorrer entre cinco e dez anos.
O presidente da SulAmérica, Gabriel Portela, acredita que os veículos acima de dez anos são um nicho a ser explorado pelo seguro popular de automóvel. ‘Menos de 5% desses veículos estão segurados’, alertou.
Na visão do presidente da Porto Seguro, a Susep demorou muito para colocar o seguro de automóvel popular no formato atual, fazendo com que as seguradoras procurassem outras soluções para atender ao mercado potencial deste produto. A própria Porto Seguro, líder no segmento, cedeu e lançou uma solução mais compacta que combina apólice mais rastreamento. Embora gere margens mais tímidas, o produto atende uma população especifica que está deixando o mercado por conta da crise.
Quem também seguiu esse caminho recentemente foi a japonesa Tokio Marine. Segundo o presidente da companhia, José Adalberto Ferrara, a solução visa a conter a forte saída de clientes do setor de seguros, impactados pela crise econômica o Brasil, que caminha para o segundo ano seguido de recessão. Ele chamou a atenção ainda para a necessidade de os consumidores serem bem informados sobre a utilização de peças usadas ou genéricas e também o local de conserto dos automóveis, para evitar um movimento de judicialização no setor.
A Susep publicou, na última segunda-feira (03), conforme antecipou o Broadcast, novo normativo do auto seguro popular. O principal entrave era o fato de o normativo não autorizar o uso de peças genéricas para o conserto de veículos, mas apenas as originais obtidas na desmontagem de automóveis. O setor defendia, porém, que a mudança era necessária, uma vez que a demanda por peças não poderia ser suprida apenas por peças originais
Fonte: Agência do Estado